O prazer de viver no ócio

Escolhi o ócio para iniciar a minha cesta de letras. E o meu confronto inicial é com o dicionário da língua portuguesa que estigmatiza de forma tão negativa a ‘tênue’ palavra – veja só: Ócio, sm. 1. Descanso ou folga do trabalho. 2. Lazer. 3. Preguiça, moleza – Mas, eu como uma boa vivant, apaixonada pelos mais simples, leia-se sofisticados, prazeres da vida entendo que o ócio nada mais é do que liberdade. E, sinceramente, não vejo uma correlação tão forte com o trabalho nosso de cada dia ou quem sabe com a falta dele.

Eu, por exemplo, pratico o ócio até mesmo na mesa do trabalho, basta me desconectar de uma obrigação para dar linha a minha imaginação – e quando escrevi este texto, estava viajando no danado... que moleza, e é um prazer, não é? Neste momento a preguiça voava longe. E se folga do trabalho é um sinônimo, o primeiro da escala do Aurélio*, acreditem... eu estava trabalhando ociosamente. Entendam como quiser!

Desfrutar do ócio na nossa sociedade tornou-se um tenebroso pecado. Penso, inclusive, que se meu coordenador ler este texto vai pensar duas vezes, entre um momento ocioso e outro, se eu realmente mereço o tal (esse tal é coisa boa) cargo que conquistei há seis meses. Aí, certamente, ele iria me perguntar: “Muito trabalho hoje, produziu bastante?”. Oras... passar uns minutinhos me entretendo, escrevendo para o meu mais novo blog, navegar nos sites de relacionamento é tão inútil assim? E o lamentável é que vejo as pessoas perdendo, à medida que o tempo passa, a habilidade de ficar algum tempo descansando, sem sentir culpa.

Tem sentimento mais pobre que culpa? Exerça o ócio, nem que seja por alguns segundos do seu precioso dia, use-o ao seu favor, sem medo de colocar, literalmente, a perna pro ar.